SOBRE OS AMORES VULGARES
Cansada da expressão languida de amores vulgares, sexos descompromissados e toques sem paixão destilados no subconsciente humano. Cansada da objetividade esdrúxula e semi-cerrada dos amantes de hoje. Olhares vagos e atoa nas ruas, sempre a esbarrar em mais um amor de mês, de semana. Mais um amor, mais um troféu na estante. Estante, é isso que está valendo mais, mais do que o porta-retrato. Fotos queimadas para colecionar, beijos roubados e um álbum de lembrança para mostrar que ali passou mais um 'troféu'. Sexos sujos e livres de uma vontade de ficar, sem o fim épico de uma história, só mais um fim-de-sexo-sem-amor. Só um meio prazer, e uma meia-noite/noite e meia sem o café da manhã no outro dia. A trivialização das mãos dadas, dos amores duradouros, dos finais felizes; Meus parabéns. Houve o futurista amadurecimento, ou pelos mais românticos - o emburrecimento- , da população que sonhava um dia se apaixonar. Sonha(va). E meus parabéns, a transmissão da ideia de que amor não se resumi a um único ser, a uma única ação. E sim ao conjunto de sensações desencadeadas por 'N' indivíduos, o que torna viciante o "amor". Porque essa é a verdade, amor não é exclusivo á alguém, não ama apenas um ser. O amor é amar alguém por uma música, por um cheiro, por um toque. Amar é saber que amor pode ser dividido, e multiplicado. Amor não é abduzir-se dos prazeres do resto do mundo, não é esquecer que tipos de carinhos vem de inúmeros lado, e em diferentes momentos e passagens. Amor é a leveza de dançar sem ou com música, com ou sem par. Amor é também amor próprio, sentir-se vontade, querer-se como companhia, acarinhar-se e ao mesmo tempo deixar acalentar-se. Amor não precisa ser deliberado, pode ser o coração desenhado na sua mão, de caneta; como pode ser a borboleta que finalmente pousou na ponta da sua cama, só porque você finalmente decidiu abrir a janela.